segunda-feira, 3 de outubro de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE EDUCAÇÃO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS DA INFÂNCIA E SUA EDUCAÇÃO EM DIFERENTES CONTEXTOS – NEPIEC CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL EDNA MARCIA DE SOUZA RODRIGUES A BUSCA DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA MORRINHOS 2011 EDNA MARCIA DE SOUZA RODRIGUES A BUSCA DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA Texto apresentado ao curso de Especialização em Educação Infantil da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, Núcleo de Estudos e Pesquisas da Infância e sua Educação em Diferentes Contextos – NEPIEC, disciplina Currículo e Cultura na Educação Infantil II, sob orientação da professora Altina Abadia da Silva. MORRINHOS 2011 Delinear uma proposta pedagógica para a educação infantil significa por creches e pré-escolas diante de atraentes tarefas e sérios desafios, por que. É importante registrar inicialmente qual é o processo de municipalização da educação infantil do município de Goiatuba mesmo que bem abreviado. O atendimento a educação infantil, em especial nas creches, na rede municipal de ensino em Goiatuba foi por um determinado tempo, como na maioria dos municípios do Brasil, marcado pela idéia de assistência e de amparo as crianças de famílias de baixa renda. As unidades de atendimento as crianças de zero a seis anos eram administradas pela Secretaria de Assistência Social, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Secretaria da Saúde. Os profissionais não possuíam a formação especifica, e, na maioria das vezes, eram recreadoras ou pessoal com desvio de função, como servidores gerais que atuavam nessa etapa da educação básica. (...) a falta de quadros é um dos tipos de problemas. Como gerir educação sem equipe, sem conhecimento sistematizado? Por outro lado, se não existe proposta pedagógica escrita, como conhecer a proposta que existe nas praticas? Como agarrar o currículo que esta em curso? Às vezes a proposta esta escrita, mas não esta em vigor; em outras situações, o texto foi elaborado por uma equipe sem ou a despeito da participação dos profissionais. (KRAMER, p.69) A lei nº 5.692/71 – Lei de Diretrizes e Bases do Ensino, já trazia em seu bojo uma abertura significativa para as iniciativas efetivas no campo da municipalização do ensino. Somente a partir da Constituição de 1988, é que o movimento pela municipalização do Ensino, ganha força. Na emenda de 9394/96 essa lei entra em vigor. No ano de 2002 foi criado o conselho municipal de educação infantil no município de Goiatuba que passa a ser o órgão responsável para autorizar o funcionamento das salas de educação infantil das escolas publicas ou privadas deste município. (essas informações são relatos dos profissionais do pedagógico) A Resolução n° 1, de 7 de abril de 1999 (BRASIL, MEC/CNE/CEB, 1999), instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, estabelecendo normas a serem seguidas em todo o território nacional. Definiu os princípios éticos, políticos e estéticos das propostas pedagógicas, a especificidade da relação entre cuidar e educar na organização da instituição, a formação dos profissionais que trabalham na educação infantil e as condições estruturais e físicas das instituições, as quais devem possibilitar o bom desenvolvimento da criança. A partir de 2005, por pressão da comunidade, iniciou-se uma política publica para a ampliação da oferta da educação infantil no município de Goiatuba. O qual buscou atender o que estabelece a legislação por meio de reformas nas estruturas físicas. A prefeitura reformou e ampliou as creches existentes e construiu mais uma creche para o atendimento das crianças de zero a cinco anos. Em relação à dimensão pedagógica, o avanço tem sido satisfatório, pois contabiliza 16 profissionais com formação específica, graduação em Pedagogia que atuam nos estabelecimentos (apenas uma das creches conta com apenas três). O que é uma proposta pedagógica? Utilizando-nos das palavras de Sonia Kramer que afirma ser “um convite, um desafio, uma aposta. Uma aposta, porque, sendo ou não parte de uma política pública, contém sempre um projeto político de sociedade e um conceito de cidadania, de educação e cultura. A proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. E é um caminho a ser construído, que tem uma história que precisa ser contada. Traz consigo seus valores, as dificuldades que enfrenta os problemas que precisam ser superados, seus desejos, as suas vontades. a esse respeito, Libâneo afirma: Uma importante característica do planejamento é o seu caráter processual. O ato de planejar não se reduz ao momento de da elaboração dos planos de trabalho, é uma atividade permanente de reflexão e ação. O planejamento é um processo continuo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas condições concretas, de busca de alternativas para a solução de problemas e de tomada de decisões, possibilitando a revisão dos planos e projetos, a correção no rumo das ações. O caráter de processo indica, também, que um plano prévio é um roteiro para a prática, ele antecipa mentalmente a pratica, prevê os passos a seguir, mas não pode determinar rigidamente os resultados, pois estes vão se delineando no desenvolvimento do trabalho, implicando permanente ação, reflexão e deliberação dos educadores sobre a prática em curso. (LIBÂNEO, p.150) A proposta pedagógica é um processo e precisa sempre estar sendo revisto e reescrito. Delinear uma proposta pedagógica para a educação infantil requer muita cautela e dedicação visando sempre o gosto da criança, trabalhando com o imaginário, o lúdico desenvolvendo a criatividade. Cuidar da criança é uma ação complexa que envolve diferentes fazeres, gestos, precauções, atenção, olhares. O desenvolvimento da autonomia não se faz sem ações intencionais. A mediação do adulto durante a brincadeira é essencial para a autonomia e auto-organização da criança. Um ambiente bem organizado tem brinquedos em estantes baixas, em áreas separadas, com mobiliário adequado, em caixas etiquetadas para a criança saber onde guardar. Esse hábito se adquire durante a brincadeira, em local tranqüilo, com opções interessantes e o apoio constante e efetivo da professora. Em um ambiente onde predomina o choro, o medo e os adultos não atendem as necessidades e interesses das crianças, não há bem estar, condição essencial para a qualidade da educação. (KISHIMOTO, p.9) Kishimoto Refere-se a planejar situações que ofereçam à criança acolhimento, atenção, estímulo, desafio, de modo que ela satisfaça suas necessidades de diversos tipos e aprenda a fazê-lo de forma cada vez mais autônoma. Cuidar é e sempre será uma atividade confluente da ação educativa. Educar a criança é criar condições para ela apropriar-se de formas de agir e de significações presentes em seu meio social, formas estas que a levam a constituir-se como um sujeito histórico. Em razão disso vale à pena retornar a colaboração de Zilma de Oliveira: O trabalho pedagógico organizado em creche ou pré-escola, em que cuidar e educar são aspectos integrados, se faz pela criação de um ambiente em que a criança se sinta segura, satisfeita em suas necessidades, acolhida em sua maneira de ser, onde ela possa trabalhar de forma adequada suas emoções e lidar com seus medos, sua raiva, seus ciúmes, sua apatia ou hiperatividade, e possa construir hipóteses sobre o mundo e elaborar sua identidade. (OLIVEIRA, p.9) Ao fazê-lo, a criança desenvolve sua afetividade, motricidade, imaginação, raciocínio e linguagem, formando um conceito positivo em relação a si mesmo. É fundamental que a instituição norteie corretamente sua ação educativa, pois é no projeto pedagógico que são esboçados os objetivos gerais e específicos educacionais da instituição, assim como as metas a atingir, formas de acompanhamento e avaliação das crianças. Na proposta pedagógica e currículo em educação infantil temos as principais idéias expressas pelas especialistas e pioneiras na educação infantil. Para Kishimoto, currículo é o caminho, direção que orienta o percurso para atingir certas finalidades, a instituição deve garantir o respeito, às dificuldades socioculturais, epistemológica e políticas, relações com a sociedade, devendo incluir tudo que se pretende oferecer para a criança aprender, explicitando concepções de educação, avaliação, o que ensinar e como é a criança. Delinear tal proposta ate não é difícil, o difícil e fazer cumprir, pois nem sempre terá pessoas preparadas para colocá-las em prática. Percebe se uma resistência por parte dos monitores concursados para recreadores em acatar uma proposta que vem pronta do pedagógico, por se sentirem assegurados pelo concurso prestado e acham que nada poderá acontecer referente a esses concursados. Sem querer apresentar certa utopia. Deixando claro, que a Educação Infantil ainda hoje se apresenta como um desafio, devido a graves problemas sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos. Com uma educação pública de modo geral de baixa qualidade, com um quadro de educadores mal remunerados, mães e pais geralmente oprimidos e pouco participativos na dinâmica das instituições, reconhecendo neste ambiente de ensino um favor da sociedade e não um dever e um direito do cidadão. Bibliografia KRAMER, Sonia. Propostas pedagógicas ou curriculares de educação infantil: para retomar o debate. In: Proposições. Revista quadrimestral da Faculdade de Educação: Unicamp, vol. 13 n.2 (38), p.65-82, maio/ago. 2002. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil In: Anais do I Seminário Nacional Currículo em movimento: perspectivas atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010. [p. 1-20]. LIBÂNEO, José Carlos. O planejamento escolar e o projeto político pedagógico curricular. In: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola – teoria e pratica. Goiânia: MF Livros, 2008. [p.147-202] OLIVEIRA, Zilma de Morais Ramos. O currículo na Educação Infantil: o que propõe as novas diretrizes nacionais? In: Anais do I Seminário Nacional Currículo em movimento: perspectivas atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010. [p. 1-14].

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